Dia 04 de novembro foi celebrado o Dia da Favela e o Expresso CUFA abordou esse tema.
A iniciativa de instituir a data surgiu em 2005, a partir de uma mobilização da CUFA no Rio de Janeiro que teve adesão de vários outros Estados. Hoje, quatro cidades brasileiras já tem o Dia da Favela dentro de seu calendário oficial e outras, como Montenegro/RS estão com a proposta em tramitação na Câmara de Vereadores.
Este ano, o Dia da Favela teve uma repercussão ainda maior e vem sendo tema de debates e reflexões sobre o modelo de sociedade atual. Em meio ainda a discussões políticas e eleitorais, o momento não poderia ser melhor para deixar de lado antigos paradigmas e construir estratégias para um novo modelo de sociedade sem exclusões e preconceitos mas, com igualdade de oportunidades e garantias de acesso aos direitos básicos a qualquer cidadão.
A CUFA, que também celebrou neste dia dez anos de trabalho junto às favelas brasileiras, vem estimulando e fomentando essas reflexões e, principalmente, ações para que possamos transformar essas realidades trazendo, para todos os espaços de discussões, a voz e as opiniões das favelas que, historicamente, não participam das decisões apenas se submetendo aos olhares de uma elite que demonstra em seus discursos não conhecer de fato essas realidades.
Comentários do tipo “na favela só tem tráfico de drogas e violência”; “as favelas são a vergonha do Brasil”; “temos que acabar com as favelas e transformá-las em bairros”; entre outros, não trazem soluções para os principais problemas sociais que imperam entre as pessoas que moram em favelas como falta de emprego, educação de qualidade, atendimento à saúde e, principalmente, falta de uma moradia digna que elas possam “pagar”.
Temos que lembrar que, ao contrário de uma minoria das famílias brasileiras, as pessoas que hoje vivem nessas condições são herdeiras de uma enorme dívida social. São gerações e gerações sem oportunidades, sendo excluídas e esquecidas nesses bolsões de pobreza.
A sociedade é a principal responsável pelo país que temos hoje e só vai mudar se ela mesma se mobilizar e agir. Não com preconceitos ou moralismos mas com racionalidade e estratégias viáveis, por que, transformar uma favela em bairro é muito mais difícil e caro para o Estado do que começar-mos a nos unir e permitir que as pessoas tenham acesso aos seus direitos e conseguir, através de seus esforços, transformar suas vidas e escolher o lugar de sua moradia.
Náthaly Weber
Coordenadora CUFA Cachoeira do Sul